segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

SERTANEJO V SANDRA


Foto – Sandra, seu marido,
seus filhos, seus irmãos 2005-12-11
SERTANEJO V
Fatalidades...

Sandra dos Santos, 22 anos, nasceu 11 de maio de 1983, no alto Santo Antonio, Ribeira do Pombal – Ba. Filha de dona Jeselita Maria dos Santos, faleceu em 7 de dezembro de 2004, foi à Capital da Bahia, (Salvador), fazer uma operação de catarata, lá contraiu um infecção hospitalar e veio a óbito deixando Sandra dos Santos numa humilde casinha, medindo apenas 50 metros quadrados, com 2 irmãos, 1 sobrinho, e seus 3 filhos e marido, João de Goes 29 anos e desempregado.

A mãe...

Dona Joselita Maria dos Santos, (falecida) mãe de Sandra dos Santos, casou – se e deu luz a 17 filhos, 14 mulheres e 3 homens. Sendo que 12 dos seus 17 filhos, já morreram , todas mulheres. Segundo Sandra, algumas por motivos de doenças, outras pela fome. O marido de dona Joselita Maria dos Santos, sabe-se do seu paradeiro que hoje em dia mora na cidade de Entre Rios – Ba. Sua filha Sandra que ficou responsável por todos, depois da morte de sua mãe, (Joselita Maria de Jesus) fala com mágoas do seu pai, por ter sumido e nunca mais dar notícia e nem mandar dinheiro para o sustento deles.

A casa...

A casinha que Sandra dos Santos mora no Alto Santo

Antonio, local este que concentra-se o maior índice de miserabilidade do nosso município aqui em Ribeira do Pombal, foi deixada por sua mãe após ela falecer. É um pequena casa, construída de adobe , e barro, com apenas um quarto e algumas dessas paredes estão para cair, quase nada no interior na casa para o conforto de todos que lá moram, que no total são em 7 pessoas.

A fome...

Sandra dos Santos lembra emocionada a morte de sua mãe, dona Joselita Maria dos Santos, que após sua morte as coisas ficaram difíceis para ela com seus irmãos, que no período de adaptação de ausência de sua mãe, levou 5 meses passando fome, os vizinhos se comoviam com a tenebrosa situação e as levavam um pouco de comida, para dividir entre todos que ali moram, e que sua preocupação e, tristeza não paravam ali, pois ela sabia que toda esta angustia, iria continuar no dia seguinte.

O sustento...

Por ironia do destino, como não bastasse tantas fatalidades em suas vidas, Sandra dos Santos toma conta do seu irmão, Sandro dos Santos 19 anos portador de deficiência mental , onde daí tira o sustento de todos, pois o Sandro agora esta aposentado, e com o apoio do cartão cidadão, e das caridade de instituições como ADAS – Associação dos Amigos Solidários, e dos vizinhos, que vez ou outra, levam alguma coisa para todos.
Sandra não pode trabalhar, pois se sair de casa não tem quem tome conta das crianças, nem quem faça a comida, nem seu irmão portador de deficiência, se adapta a pessoas estranhas.

Como estamos vendo em fotografia a cima, os filhos de Sandra dos Santos, estão sem roupas para vestir, alguns estão com vermes, em casa pouca comida, seu marido desempregado, e ela assim como eu, extremamente decepcionado, com os nossos governantes, e boa parte da humanidade, que por suas nefastas razões, não querem praticar um pouco de caridade aos nossos irmãos.
Na realidade, histórias como esta você assiste todos os dias aqui em nossa região, basta que você sai do seu salto alto e terá seus olhos repletos de casos tenebrosos, iguais e piores que este. Não, não é um caso insolado, é uma parte da nossa realidade nua e crua, transbordando nossos corações de tristezas, e por que não dizer de revolta, uma vez que são tantos políticos falando em direitos sociais, más que nada fazem pelo nosso povo, tão sofrido, tão bons na hora de votar naqueles que tão pouco se importa com problemas como estes, que nada mais nada menos, elevam nossos nomes para fora do país, na mancha dos xucros.

O reencontro...

A alguns messes atrás, uma amiga ao saber que estava a fazer este trabalho social com nossa instituição ADAS –Assoc. dos Amigos Solidário, veio a minha procura, pedir uma cesta básica para Sandra e sua família. Lá fui, entreguei a cesta básica a ela, junto foram algumas, roupas usadas, alguns remédios. No Alto Santo Antonio, descobri outras famílias com problemas semelhantes. ADAS, ajudou a todas na medida do possível. Hoje no dia 07/05/05, voltei à casa de Sandra para dizer a ele que estava escrevendo este livro para arrecadar fundos e assim ajudar ela a reconstruir sua casa, e ajudar outras famílias, que também precisam como ela. O reencontro foi divino, pois Sandra e sua família ao me ver ficaram felizes, não só com a notícia que acabara de lhes dar, sobretudo porque ela tinha a certeza de que eu jamais chegaria a sua casa de mãos vazias.
VIDA AMADA,VIDA AMARGA/POBRES NORDESTINOS
Linhares

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